segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Escândalo Íntimo: uma análise incompleta

Após o lançamento de um single duvidoso que dividiu parte de seu público, Luísa Sonza mostrou que, além de ser uma das grandes divas pop brasileiras, é uma tremenda estrategista sobre seu próprio marketing. Escândalo Íntimo, seu novo álbum de inéditas, surgiu na noite de 29 de agosto carregado de conceitos, participações de peso, temáticas pessoais e variadas.

 

O primeiro single, “Campo de Morango”, trouxe a ousadia que o público costuma esperar de Luísa. Antes de seu lançamento, usuários do Twitter deram sugestões sobre o que poderia ser o conteúdo da canção. Ironicamente, a maior parte deles acertou. Muitos julgaram a letra explícita que, somada a uma melodia um tanto confusa, faz com que a música não pareça ter a qualidade que tem. Admito, não gostei tanto dela, mas jamais diria que é extremamente ruim. É uma canção ok. Em contrapartida, o segundo single, “Principalmente Me Sinto Arrasada”, traz uma Luísa melancólica, cantando experiências potencialmente ansiosas, beirando ao ataque. Claramente autobiográfica, mostra desespero, calma e uma busca por se reerguer o mais breve possível.

 

O restante do álbum

 

A faixa título é um instrumental relativamente tenso, que entrega uma ótima transição para “Carnificina”, no melhor estilo Chromatica II/911. A segunda faixa traz uma mulher fria e calculista, independente e ousada que já sofreu por amores e se vira diante das consequências. É difícil ler o título e não pensar em um dia normal no programa Brasil Urgente, mas esse não é o foco da canção.

 

“A Dona Aranha” é daquelas que te faz sentir algumas *coisas* enquanto ouve. Soa como uma continuação mais explicita da excelente “2000 s2”, de seu disco anterior. Nesta faixa, Luísa bradou um “ai, caralho” de tamanha emoção que nos dá a certeza de que ela inventou da expressão.

 

Uma melodia brasileiríssima marca “Luísa Manequim”, uma faixa com uma letra simples, que mostra mais ousadia pessoal, com uma pitada de dedo na ferida sobre os que querem chamar atenção para estar ao lado da própria e vão parar nas manchetes pelo mesmo motivo.

 

“Interlúdio – Todas as Histórias” é simples: ela bebeu e se declarou para alguém por quem se apaixonou fácil (ela se apaixona fácil).

 

“Romance Em Cena” é uma parceria com Marina Sena. Basicamente, dois dos pilares de sustento do atual pop brasileiro numa deliciosa canção sobre chamar um contatinho para uma noite de sexo casual e selvagem, sem qualquer indício de responsabilidade afetiva.

 

“Surreal” é outra faixa deliciosa de se ouvir. Inicialmente, adorei a ideia de Luísa flertar com o blues, até notar que a faixa foi gravada com Baco Exu do Blues, diferente do que seria se fosse com Baco Exu do Pós-Punk, enfim. Safada e fofa na mesma intensidade, a parceria mostra que, as duas vozes somadas, trazem o que pode ser a canção mais TESUDA do álbum

 

“Iguaria” é fofa e triste. Marcada pela saudade, mostra o lado emocionado dos relacionamentos, destacado pela frase “eu te namoro antes de ser tua”. 

 

Como falado sobre “Interlúdio – Todas as Histórias”, Luísa se apaixona fácil. O maior exemplo disso está em “Chico”. Em dois meses de namoro com Chico Moedas, o Chicoin (ou Gil Cebola do Casimiro, segundo Chico Barney), o álbum já conta com uma dedicatória em forma de canção. Contrariando sua própria faceta sexualmente liberal, Luísa nos mostra como a monogamia pode ser deliciosa.

 

O momento das relações em que o amor vai sumindo até que não exista mais. “Onde É Que Deu Errado” trata sobre o final de um romance que já foi um presente, mas se tornou apenas a nostalgia de uma fantasia e a busca pelos culpados do fim.

 

“Penhasco2” com DEMI LOVATO. Seria fácil parar por aqui, mas não é o caso. A letra não tem nada de tão complexo, sendo apenas a continuação de uma canção que já era triste por si só. Porém, quando temos a querida Demetria fazendo lindas firulas com a voz (e um intervalo lindíssimo com Luísa), gritando que “saudade não tem tradução”, somos obrigados a cumprir com o dever do aplauso. Se a voz de Demi é inteligência artificial, não sabemos. Há quem diga que suas regravações recentes são uma tentativa de “maquiar” o fato de que não atinge mais as notas altas como antigamente, num indício de que ela morreu e foi substituída, mas isso é outra história.

 



Não terminei e não pretendo.

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