Olá, queridos. Eu não faço ideia do que será deste espaço.
Certamente um grande acúmulo de pensamentos, coisas que eu vejo por aí,
assisto, leio e tudo mais. Já faz um tempo que sinto essa vontade de sair
escrevendo qualquer coisa, só não sabia como e nem aonde. Enfim, isso pode ser
o princípio de algo que eu não sei como será mantido, diária, semanal ou
quinzenalmente. Tudo vai depender do nível de paranoia dos dias que passam.
Sejam bem-vindos e sintam-se em casa.
Há um áudio que circula nas redes há um tempo. Nele, durante
uma conversa com uma amiga, a moça que protagoniza a história descreve um date com um rapaz. No encontro, nas preliminares
de um sexo casual, ele pergunta: “você gosta de ser humilhada?”. Ela
prontamente responde: “moço, eu trabalho com atendimento ao público, sou
humilhada todos os dias”. Essa introdução serve para destacar minha honesta
reação e opinião diante do relato: ela está coberta de razão.
Trabalhar com o público requer paciência. Se você tem uma
boa desenvoltura, fácil comunicação e habilidade para se desdobrar diante de
pessoas complicadas, pode ser algo um pouco mais tranquilo. Mas, se você é
historicamente tímido e introvertido, já tendo tido dificuldades básicas para
se comunicar com qualquer ser humano, o desafio se torna maior. E é óbvio que
este último exemplo é totalmente autobiográfico. Se essas dificuldades com
relações humanas são apenas eu vivendo as consequências por ter sido este tipo
de adolescente no ensino médio, provável que sim. Seria o ideal que eu estivesse
na terapia dizendo isso em vez de escrever aleatoriamente? Mais ainda. Enfim,
abri um leve parênteses no assunto e já me perdi, mas recuperarei o raciocínio
logo.
Trabalho numa loja voltada à saúde. Assim, todo o tipo de
gente a frequenta. Como em qualquer ramo comercial, acabamos lidando com
pessoas um tanto desagradáveis (xingamentos internos enquanto escrevo). Seja um
médico ou advogado com o queixinho empinado, passando pelo sujeito engomadinho
de classe média alta e acha que é rico (leia-se pobre premium), até mesmo a
senhora aposentada com carinha de neta de escravocrata. Tem de tudo. Você traz
um rosto simpático, dá um bom dia/boa tarde (o mínimo que se exige de uma boa
educação), mas não recebe de volta. Escuta pessoas no alto de suas arrogâncias
exigindo coisas impossíveis, utilizando-se da famigerada carteirada, numa
tentativa de impor o prestígio de sua profissão (geralmente advogados) ao
trabalho honesto de alguém que apenas quer lhe orientar em suas compras. Nessas
horas, eu sinto um refluxo, como se uma sequência de VAI TOMAR NO C* viesse em
direção ao meu esôfago, chegando até a faringe, mas me obrigando a engolir de
volta.
Sei que acontecimentos como esse não são exclusividade do
ramo em que estou, mas invejo os que trabalham com outro tipo de público que,
pode ser até nichado, mas se mantém próximo do que a pessoa é de alguma forma.
Às vezes, os jovens me desesperam, mas seria mais fácil lidar com eles. E eu
jamais cuspiria no prato em que como, considerando que ele paga minhas contas e
parte do meu sustento, mas ganhar pouco para lidar com gente merda numa rotina
repetitiva se torna desesperador com o tempo. Contudo, esse período me fez
adotar uma espécie de ditado que tornou tudo libertador. Enquanto consumidor,
não me excluo dele, mas me mantenho atento para não me tornar uma das
referências na ideia de que, como o título sugere, o cliente nunca tem razão.
(Ou eu escrevia, ou chorava no trabalho. São escolhas.)
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